Jarros da Dinastia Ming vendidos por US$ 12,5 milhões

No início de novembro de 2024, o mercado global de arte foi abalado por um leilão extraordinário: um par de jarros raríssimos da dinastia Ming, datados do século XVI e ornamentados com peixes dourados em técnica wucai, foi arrematado por £ 9,6 milhões (cerca de US$ 12,5 milhões) na Sotheby’s em Londres, superando em nove vezes a estimativa inicial de £ 1 milhão (valor equivalente a cerca de US$ 1,3 milhão).

O leilão e a disputa acirrada

Os jarros foram leiloados na sessão de arte chinesa da Sotheby’s, que arrecadou um total de US$ 19,6 milhões — mais do que o dobro da estimativa alta de US$ 9,3 milhões, com mais de 55 % dos lotes ultrapassando suas expectativas iniciais. A disputa pela posse dos itens foi intensa entre aproximadamente 10 colecionadores, muitos participando por telefone, demoraram 20 minutos disputando lance a lance até que o par fosse comprado por um colecionador privado na Ásia.

Os jarros foram produzidos durante o reinado do imperador Jiajing (1522–1566)

Raridade e importância histórica

Essa foi a primeira vez que um par completo de jarros ‘fish jars’ com tampas apareceu em leilão, o que contribuiu para sua singularidade. Apenas outro par completo é conhecido, preservado no Musée Guimet, em Paris; três exemplares individuais com tampas intactas pertencem a colecionadores privados. A Sotheby’s descreveu a sobrevivência desses jarros como “nada menos que milagrosa”, destacando que eles foram retirados a tempo de uma casa em Wiesbaden durante a Segunda Guerra Mundial, antes de sua destruição.

Os jarros foram produzidos durante o reinado do imperador Jiajing (1522–1566), período marcante para a porcelana chinesa. Esses objetos decorados com carpas douradas e flores de lótus simbolizam prosperidade e liberdade — elementos caros ao Daoísmo, culto seguido por Jiajing.

Por que esse preço recorde?

A venda recorde confirma algumas tendências claras no mercado de arte:

  1. Raridade extrema: obras imperiais com tampas completas são virtualmente inexistentes no mercado privado.
  2. Proveniência histórica: pertenciam à mesma família na Alemanha por mais de um século, e foram protegidos durante a guerra.
  3. Alta demanda por arte chinesa: especialmente entre colecionadores asiáticos de alto patrimônio que buscam reconectar-se com peças de sua herança cultural.

Segundo experts na Sotheby’s, esses jarros representam um marco da produção de porcelana Ming: um avanço técnico e artístico sem precedentes em sua época.

Contexto mais amplo: o mercado de porcelana imperial

Esse leilão é parte de um cenário com forte valorização de arte chinesa nos últimos anos. Registram-se recordes anteriores, como a famosa Chenghua “Chicken Cup”, vendida por US$ 36 milhões em 2014 em Hong Kong — até então o recorde mundial para porcelana chinesa. As peças da dinastia Ming, especialmente aquelas com marcas imperiais, continuam a alcançar preços astronômicos por sua raridade, qualidade técnica e simbolismo cultural.

Foi a primeira vez que um par completo de jarros “fish jars” com tampas apareceu em leilão

Impacto e significado do evento

Além de ser um evento marcante no calendário dos leilões de arte, a venda do par de jarros Ming serviu como indicador da força do mercado global por arte asiática. Também renovou o interesse por coleções privadas que permaneciam fora da vista pública por décadas, mostrando que vestígios quase desaparecidos podem impactar fortemente os recordes de valores.

Esse resultado reforça a tendência de valorização de objetos históricos chineses entre colecionadores emergentes da Ásia, especialmente os da China continental, que buscam reconquistar peças significativas de sua cultura dispersas pelo mundo. A Sotheby’s mesma apontou seu crescente papel como líder global em vendas de porcelanas chinesas, tanto em Londres quanto em Hong Kong.

A venda desse raro par de jarros Ming por US$ 12,5 milhões é mais do que um recorde, ele representa a sobrevivência de um artefato quase milagroso, a força do mercado de arte oriental moderna e a atração contínua por peças que contam histórias de poder, religião e inovação técnica, e claro… Como algumas pessoas possuem recursos para gastar com itens raros.

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